terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Endurance 50km @ São Bento do Sapucaí, SP - 29NOV2014

 Minha última prova deste ano não poderia ter sido melhor! A que mais gostei, por estar ao lado de pessoas especiais, além de ter sido a mais difícil que fiz em 2014... Mesmo depois de todas as dificuldades encontradas numa prova como essa, quando eu retorno pra casa penso: 'quando será a próxima?'.

 Saí daqui de São Paulo na sexta (28) com destino à São Bento do Sapucaí, SP, onde seria realizado o último Endurance do Corridas de Montanha do ano. Nesta última aventura de 2014 eu estava acompanhado de pessoas especiais: Marilia, Criz, Rafa, Pedro e Lucas. 
 Chegamos em S. Bento por volta das 23h, não demorou muito e já estávamos indo dormir, pois poucas horas depois estaríamos indo para o local da largada (Bairro do Quilombo), prevista para as 8h da manhã.

Nossa casa do final de semana. foto: Criz

 Chegamos no Bairro do Quilombo um pouco antes das 7h da manhã, então tivemos tempo de sobra para acertar os últimos detalhes, retirar os kits e deixar algo que precisássemos durante o percurso numa caixa, que seria nosso Special Needs - que a organização disponibilizava entre os quilômetros 16 e 28 da prova. Tudo pronto, com meu kit 'Ultra Vegan' - que seria consumido durante a prova: água, amendoim, azeitonas, batata e rapadura, rs. Conversei um pouco com alguns amigos e fiquei esperando o momento da largada.

foto: Carlos Bertola

 Por volta das 8h da manhã foi dada a largada. Foi uma largada bem tranquila, fui num ritmo confortável, pois eu já imaginava o que viria pela frente.
Após o primeiro quilômetro se iniciava a subida (infernal), foram um pouco mais de 4 quilômetros, que atingia mais ou menos 750D+. 
 Finalizando esse primeiro trecho da prova, tive um pouco de alívio, pois iniciava-se uma decida (+/- 300D-), onde eu pude recuperar um pouco do tempo 'perdido' da subida.

foto: Marilia Okuyama 

  Chegando no quilômetro 16 (Special Needs), resolvi dar uma rápida parada para beber um pouco de água, mantendo a que eu tinha na camel bag. Fui informado que eu passaria novamente por ali a uns 12 quilômetros depois. 
 Segui para mais um trecho de subidas. Cerca de 20 minutos depois, dei uma quebrada no ritmo, perdendo muita velocidade, onde também perdi algumas posições. Fiquei na dúvida se tinha sido por ter forçado um pouco nos primeiros 5km... Esse trecho eu achei bem duro pro ritmo que eu estava, single tracks com bastante subidas, onde deu uma média de 500D+ em 5 quilômetros.

 Passando da marca dos 21km, iniciou-se uma descida de 8km, onde eu tentei recuperar o máximo que eu podia, nesse trecho corri acompanhado de alguns atletas que logo nos distanciamos uns dos outros.

 Quando cheguei na marca dos 29 quilômetros era hora de encarar a última subida da prova, com cerca de 10 quilômetro e quase 700D+. Esse foi o trecho mais difícil pra mim. Coloquei uma música no iPod pra dar um 'gás' e iniciei a subida com o corpo curvado para frente e as mãos nos joelhos, evitando olhar pra cima pra não bater um desânimo,  rs.
 Eu coloquei na cabeça que seriam mais 5 quilômetros de subida até eu iniciar a última descida com destino a linha de chegada. 

 O último trecho de descida se iniciou por volta do quilômetro 39, onde eu teria pela frente um pouco mais de 15km e 700D- morro abaixo. Quando comecei a descer senti as duas coxas pegarem, para evitar a chegada de uma câimbra, dei uma rápida alongada e comecei num ritmo mais fraco, até eu ver que era possível aumentar o ritmo e ganhar algumas posições nos 8 quilômetros finais da prova.

foto: Analu Shiota

 Finalizei os 45,5km (2346D+) com 6h33m00s, ficando em 21° da colocação geral e 1° na minha categoria (20 - 29 anos). Eu gostei muito do resultado, pois num determinado momento da prova eu havia pensado em parar no quilômetro 28. Mas na hora eu pensei na prova que fiz em fevereiro, em Atibaia, onde eu e o Rafa pensamos em desistir na metade dos 54km, mas colocamos metas e tempos de lado e seguimos firmes rumo aos metros finais. E a sensação de completar um Endurance é única!

Premiação

 A melhor parte das corridas de montanha pra mim não é a corrida em si. e sim o que acontece durante a viagem, pois sempre fazemos isso em grupo. Nunca viajei sozinho para alguma corrida, sempre combino as loucuras com meus amigos. Quando fazemos algo bom, não podemos fazer sozinho, isso precisa ser compartilhado com pessoas que gostamos.
 Em S. Bento foi mais especial que as outras, pois além de eu estar numa cidade sensacional, com os amigos de sempre, a Marilia estava lá e me deu o maior apoio antes e depois da prova.

Treino leve na manhã seguinte (trote/caminhada) 

 Posso dizer que 2014 foi um ano bem produtivo e cheio de surpresas nas corridas de montanha. Comecei a fazer parte da equipe UPFITrail, onde venho tendo o melhor suporte nos meus treinos, que me fazem chegar cada vez mais forte nas competições com o auxílio do meu treinador Sidney Togumi. Meu primeiro semestre  foi bem 'agitado', com provas legais, pódios e um acidente que me fez parar as atividades de maio até julho - me fez aprender muitas coisas que venho usando até hoje. 
 O segundo semestre foi para testar a paciência e voltar aos poucos, colocando todo o aprendizado em prática. Fiz poucas provas, porém foram bem duras, me fazendo ganhar uma boa 'bagagem' para iniciar 2015 com o pé direito.
 Agora o corpo só pede descanso e eu vou respeitar esse pedido. E nesse período de 'férias' eu terei tempo de ver com o meu treinador o que vai rolar e planejarmos o calendário de 2015.

Pedro, Rafa e Lucas 

 Até ano que vem! 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Rei da Montanha (noturno) @ Sabaúna, Mogi das Cruzes, SP - 12OUT2014

 Essa prova não estava mais nos meus planos... Porém, na noite anterior da prova, resolvi participar. O motivo talvez tenha sido o fato de adorar a cidade de Mogi das Cruzes e suas trilhas - nas quais sempre que posso acompanho meus amigos nos treinos. Perdi as contas de quantas vezes fui pra lá neste ano, rs. 

 Alguns dias antes d'O Rei da Montanha, eu tive vontade de participar. Por ser a etapa noturna e eu não ter participado no ano passado, mas terminaram ocorrendo alguns imprevistos e 'desisti' de participar.
 Na sexta-feira (11), por volta das 22h, bateu aquela vontade de participar, rs. Eu estava com o Pedro, e na hora perguntei se ele topava, ele topou na hora, rs. Bom, agora era só mandar uma mensagem pro Gustavo Nogueira (organizador) e ver se havia a possibilidade de participarmos. Achei que pelo horário não teríamos resposta. Poucos minutos depois veio a resposta positiva. Agora era descansar e partir para Sabaúna no dia seguinte.

 Sábado, por volta das 16h, encontrei o Pedro e fomos para Mogi das Cruzes, onde nosso amigo Daniel Caldas, faria nosso transfer (rs) para Sabaúna.
 Chegamos lá com tempo de sobra para bater um papo com nosso grande amigo e parceiro de equipe, Miragaia, que também participaria dos 21km e ficamos aguardando o horário da largada. 

 Às 19h30 em ponto, foi dada a largada para os 21km, com narração do tão querido Locutor Maquininha. Saí com alguns atletas na frente e logo eramos um grupo de 6 a 8 atletas nos distanciando dos demais. Nos 4 primeiros quilômetros fui acompanhando com mais 4 atletas o Miragaia, que liderava. Nesse trecho, eu estava lado a lado com o Matheus Teles - um novo amigo que fiz nesta prova. Foi uma briga boa - ele me passava e eu o passava. Assim seguimos.

foto: Wladimir Togumi

 Quando passei do quilômetro 10, eu estava correndo sozinho na escuridão da estrada, até que veio em minha direção, um ônibus, levantando muito poeira. Minha headlamp não era suficiente para enxergar o tinha a frente, mesmo assim segui meio 'cego', rs. Corri um pouco mais de 100 metros e me bateu a dúvida se eu havia passado por alguma bifurcação no momento que não estava enxergando, a dúvida foi maior, pois na hora da poeira eu não sabia se haviam indicações refletivas. Bom, na dúvida eu achei melhor voltar esses 100 metros, pois, caso eu tivesse no caminho errado, o prejuízo seria maior depois, rs.
 Voltei um pouco e logo o Pedro vinha em minha direção, ele disse que o caminho estava correto, então seguimos juntos os próximos quilômetros.
 Logo começamos avistar o pessoal dos 7 e 14km, nesse trecho nosso percurso se interligava aos demais. O Pedro abriu um pouco mais de um minuto de mim e seguiu forte nas descidas que encontramos pela frente.
Estava no final da prova, já com 21km rodados, eu me encontrava muito bem e resolvi dar uma acelerada no quilômetro final. 
Finalizei a prova com 1h41m32s, ficando em 8° na colocação geral e 2° na categoria 18-29 anos.
 É muito bom correr ao lado dos amigos, isso torna a prova mais prazerosa!

foto: Wladimir Togumi

 Parabéns ao Miragaia, pelo primeiro lugar na colocação geral e a todos os seus amigos da Mantiqueira que vieram junto, para mais um encontro - fazendo uma das coisas mais prazerosas pra gente, que é correr em ambientes nos quais estamos longe de todo o caos e confusão encontrados na cidade grande.

Pedro, Estevan, Miragaia e Tomiko

 Agora vou focar e dar continuidade nos treinos para a minha última prova do ano: Endurance 50km de São Bento do Sapucaí, no dia 29 de novembro e depois terei um merecido descanso, e claro, estudar e planejar as provas de 2015.

   
   

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desafio das Serras - Mantiqueira @ São Francisco Xavier, SP - 6/7SET2014

 O Desafio das Serras é uma prova bastante conhecida e é realizada nos moldes do 'El Cruce' (Argentina/Chile). No Desafio são dois dias, com 40km cada. A cada ano que passa é realizada em algum lugar diferente, desta vez, em São Francisco Xavier, uma pequena vila na Serra da Mantiqueira, a 60km de São José dos Campos - SP. A prova contém as categorias: dupla masculina ou feminina, dupla mista e solo (todas com a opção de 40 ou 80km) 
 Foi minha primeira participação no Desafio - Fui em dupla com meu parceiro Pedro. Após a prova eu tive a oportunidade de conversar com atletas que já haviam participado das edições anteriores e relataram que essa etapa foi a mais dura de todas - 'sem comparação e exagero...'

 Sexta-feira (5), por volta das 21h estava partindo daqui de São Paulo com destino a Monteiro Lobato, onde eu e o Pedro ficaríamos - na casa do nosso amigo e parceiro de equipe UPFIT Trail, Miragaia - que também participou do Desafio. Com a umas das vistas mais maravilhosas que já vi na minha vida, o cara mora no topo da montanha, só pro carro conseguir chegar até lá, foi um tremendo sacrifício! rs.
 Chegamos um pouco tarde lá, então o melhor a fazer era descansar pro dia seguinte. Estávamos cerca de 20km de S. Francisco Xavier.

1° dia
 Sábado por volta das 6h acordamos para tomarmos café da manhã, pois a larga estava prevista para as 9h e ainda haviam alguns detalhes (malas) para serem organizados. Antes de tudo, saí da cabana para contemplar a vista das montanhas da serra meio a neblina matinal para absorver parte das boas energias que aquele lugar transmite... Sem palavras.

vista da cabana às 6 da manhã 

 Saímos da casa do Miragaia por volta das 7h30 com destino a praça central de S. Francisco Xavier, local da largada. Chegamos lá às 8h, dando tempo de despachar nossa mala no caminhão da organização levar para o acampamento, onde dormiríamos no sábado a noite.
 Nesse meio tempo encontramos vários amigos ali na largada, o Lucas Ferro, que correu Bombinhas comigo semanas atrás, Carlinhos (campeão na dupla mista), o Marcinho - que também faz parte da nossa equipe, entre outros campeões de diversas corridas de montanha Brasil a fora.

 Um pouquinho depois das 9h - pois faltavam alguns atletas passarem no PC 0 para registrarem seus chips de cronometragem - foi dada a largada de todas as categorias.
 Combinei com o Pedro de sairmos num ritmo mais confortável, pois o primeiro dia seria bem mais duro e técnico que o segundo, então assim seguimos nos primeiros quilômetros. Não demorou muito e iniciaram as duras subidas de estrada de terra, antes de chegarmos aos trechos de trilhas. Estávamos subindo bem, apesar do sol forte naquela manhã... Eu só queria entrar logo na trilha pra dar uma 'refrescada' no corpo.

  Por volta do quilômetro 4 ou 5 entramos na trilha, iniciava-se um single track bem técnico, era essencial muita atenção nesse naquele trecho. Alguns dias atrás eu vinha sentindo uma leve dor na canela direita, nos quilômetros iniciais essa dor não me impedia de correr, até que no quilômetro 7 eu dei uma topada com um troco no chão, justamente onde vinha doendo dias atrás... Respirei fundo e continuei a seguir o Pedro. Poucos metros a frente topei novamente e mais forte que a primeira vez, sentindo uma insuportável. Tentei manter a calma e seguir mais devagar, mas minha canela latejava de dor, até num simples trote. Faltava muito pro término da prova, era necessário tomar uma decisão: parar ou continuar, até que o Pedro me deu alguns conselhos e disse que eu era mais forte do que aquela dor, éramos uma dupla e um só espírito. Seguimos em frente.



 O segundo trecho de trilha que pegamos tinha aproximadamente 20km, apesar da dor eu me sentia menos cansado do que no início. Passamos por alguns rios, onde reabastecíamos nossos compartimentos com água, era necessário hidratar bem, pois o calor era intenso e ainda havia o segundo dia pela frente. 
 Continuamos na trilha com destino a Pedra Redonda - o ponto mais alto da prova, onde tivemos auxílio de cordas para alcançarmos o topo e iniciar a descida pela trilha.
 Muitas pessoas estavam ali no cume e ao passarmos era uma festa só - muitos gritos de incentivo, o que dá uma carga extra pra quem está competindo, uma das melhores sensações que podemos sentir na prova é isso. Algumas pessoas que estavam descendo a trilha abriam caminho pra gente passar, sempre com um sorriso, dando os parabéns ou até um 'boa sorte'. Demais!

foto: Christophe Scianni

 Seguimos para os 10km finais. Nos trechos de subidas eu segurava na mochila no Pedro e ele me 'puxando' - isso me salvou muito, pois quanto mais eu corria mais minha canela doía, mas sempre respirava fundo tentando esquecer da dor focando na chegada.
 Nos 7km finais, onde haviam mais descidas, comecei a imaginar o que teria para comer no acampamento - era uma boa distração, rs. Estava morto de fome, não aguentava mais comer aquilo que normalmente levamos para consumir durante a prova.
 Até que ao passarmos pelo último PC fomos informados de que restavam 2km para o término. Poucos metros a frente já era possível ver o pórtico de chegada, acampamento, etc.
 Finalizamos os duros 42km do primeiro dia com 7h12m19s. Encontramos alguns amigos que chegaram antes e outros que chegaram depois da gente, conversamos um pouco, tomamos um banho e fomos para a parte mais importante: o reabastecimento! 
 Excelente iniciativa da organização, que atendendo a pedidos, disponibilizaram uma boa alimentação para quem era vegano - afinal, uma prova com dois dias de duração e uma alimentação ruim não seria nada legal.

 Minha canela ainda doía muito após a prova, fiz 30 minutos de gelo e um pouco antes de irmos para barraca, dei uma passada na fisioterapeuta da organização para ver se ela fazia algum milagre para eu conseguir correr no dia seguinte. Como não era possível massagear o local da dor - eu não aguentaria, ela sugeriu isolar o local da dor com alguns adesivos, fazendo uns quadradinhos e logo em seguida coloquei a meia de compressão (até corri com ela no dia seguinte) para dar uma segurada. Após um banho, muito macarrão, uma passada na fisio e conversas com os amigos, nos dirigimos para a barraca para dormirmos o mais cedo possível para acordarmos 100% no dia seguinte.


2° dia
 No segundo dia de competição a largada era uma hora mais cedo, às 8h, então, acordamos por volta das 6h30 e começamos a organizar nossas coisas para tomarmos café da manhã e aguardar a largada. Eu estava preocupado com a canela, devido as dores do dia anterior, felizmente eu não sentia tanto, mas só saberia mesmo quando eu começasse a correr. Se alimentar bem e dormir cedo no sábado, contribuiu muito na recuperação e eu me sentia muito bem no domingo.

 Precisamente às 8h da manhã foi dada a largada para os 40km restantes de prova. Ainda bem que a largada foi mais cedo, pois o sol já estava muito forte naquele momento, imagina nas horas seguintes? 
 Eu saí num ritmo mais forte ao lado do Pedro, percebi que a dor na canela não incomodava em nada, então dava pra forçar mais, nos primeiros quilômetros haviam poucas subidas e muitas decidas, fazendo com que nós ganhássemos velocidade. Isso me preocupou por um momento, pois, quanto mais descidas houvessem, mais subidas pegaríamos mais a frente. Pois bem, passando do quilômetro 10 pegamos a primeira subida, logo iniciávamos uma rápida caminhada com as mãos nos joelhos debaixo daquele sol escaldante. Eu gosto desses trechos que é necessário dar uma alternada, entre trote e caminhada na subida, pra dar uma "descansada" em partes da musculatura.
 Sempre quando nós chegávamos no finais das subidas ao olhar para trás o visual era incrível, fazendo valer a pena todo aquele 'sofrimento' da corrida.

foto: Wagner Pnl

 Haviam muitos trechos que deu pra correr bem. Diferente do primeiro dia, o segundo consistia em estradas de terra, boa parte do percurso. Ao chegarmos no quilômetro 15 o Pedro tropeçou e bateu o joelho numa pedra - aquele mesmo joelho que ele bateu na KTR, em abril (joelho-imã pra pedra, rs), inchou na hora. Ele respirou fundo durante uns 3 minutos, e disse que podia seguir, começamos a trotar, acelerando o ritmo de volta aos poucos.
 Não demorou muito, se eu não me engano, no quilômetro 15 pegamos uma subida surreal, eu tentava nem olhar para o topo... Um trecho muito difícil de subir, em alguns momentos era necessário subir pela grama... Muito difícil, pra terem uma ideia, 1km ali deu por volta de 24 minutos, rs.
 Mais uma vez ao atingirmos o topo fomos contemplados com uma vista espetacular - a mais bonita que vi durante os dois dias de prova - eu queria muito estar com uma câmera ali para registrar.

 Após iniciarmos uma descida um staff  informou que era necessário passar sem fazer muito barulho, pois, naquele trecho haviam muitas abelhas - seguimos as recomendações, reabastecemos nossas camel bags com água e fomos em frente.

foto: Luiz Milan 

 Atingindo a marca dos 26km, era necessário dar a volta numa montanha e continuarmos fazendo o caminho oposto, por estrada de terra. Ao fazermos esse contorno, seguimos para os momentos finais da prova.
 A ansiedade era enorme, não via a hora de chegar. Meus pés já estavam bem 'judiados' devido as decidas, sem contar a fome que eu estava também, rs.

 O último trecho que enfrentamos, foi uma descida de aproximadamente 800m, muito ingrime, difícil de acelerar... Dos males o menor, pois era o final da prova, já era possível ouvir o locutor e ver a praça central de S. Francisco Xavier. Muitas pessoas estavam ali recepcionando os atletas que chegavam. Concluímos os 40km do segundo dia com 5h12m19s. Com a somatória dos dois dias ficamos em 9° lugar da colocação geral. 

 Eu gostaria de agradecer ao meu treinador, Sidney Togumi por todos os treinos e orientações que vem nos passando, ao Miragaia (Namastê!) por ter nos hospedados na sexta, em sua casa - chegamos muito tarde lá e provavelmente acordamos ele, rs. E... PARABÉNS pelo resultado, primeiro colocado com o seu parceiro Celião, os reis da Mantiqueira! Ao Marcinho, que com seu parceiro Iazaldir Feitosa, conquistaram o terceiro lugar no pódio. Parabéns à todos! 

Final de semana incrível,
Provas sensacional, quero fazer outras vezes, com certeza.
UPFIT Trail

   

  

    


  









quarta-feira, 13 de agosto de 2014

X-Terra Night Trail Run @ Mangaratiba, RJ - 09AGO2014

 Essa prova não poderia ter sido melhor: chuva, muita lama, rios e uma tremenda escuridão... Estes foram os 'obstáculos' enfrentados no X-Terra Mangaratiba.

 Sexta-feira, às 23h00, peguei um ônibus aqui em São Paulo com destino a Angra dos Reis - RJ. Foram 7h20 de viagem e de lá ainda era necessário pegar mais dois ônibus com destino a Mangaratiba (que viagem, que loucura! rs).
 Mangaratiba fica a 64 quilômetros da cidade de Angra dos Reis. É um município da da Microrregião de Itaguai, na Mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro. Localiza-se a 85 quilômetros da capital do estado.

 Cheguei em Mangaratiba por volta das 10h da manhã, estava chovendo muito. Fui descansar na pousada em que estava hospedado. Lá encontrei a Vanessa (que também participou dos 21km) e a Ana. Como a largada estava prevista para as 18h15, daria tempo de descansar numa boa.
 Resolvemos sair um pouco mais cedo da pousada para nos deslocarmos até o local da prova, estávamos a 20 quilômetros de lá. A prova foi realizada nas imediações do Resort & Safari Portobello.

 Chegamos com tempo de sobra no resort e lá ficamos descansando aguardando o horário da largada. Encontramos o Marcinho, nosso parceiro de equipe, que disputou os 50km. Ele nos adiantou que devido a chuva, o percurso estava com uma lama terrível - quando ele disse isso eu achei que ele estava exagerando - "lama quase no joelho!?" rs.
 Instantes antes da largada pude ver que vários atletas ali, haviam disputado a etapa de Ilha Bela no mês passado, como lá só fui pra acompanhar alguns amigos que também participaram, eu pude ver que os caras eram muito bons, inclusive o líder do ranking.

Foto: X-Terra

Pontualmente às 18h15 foi dada a largada para os 21km. Iniciei ao lado dos primeiros colocados, estavam num ritmo forte. Os 2kms iniciais foram de asfalto praticamente, então os primeiros colocados começavam a acelerar. Logo depois disso, chegaram os primeiros trechos de lama, aí eu acreditei no que o Marcinho havia dito rs. Nunca peguei tanta lama numa corrida como peguei nessa. Os cuidados deveriam ser dobrados: ficar atento para não cair, tomar cuidado ao levantar a perna e não deixar o tênis na lama, etc... Tudo isso tentando manter uma velocidade rs. O que 'aliviava' a lama eram as travessias de rios que fiz durante o percurso - tirava o excesso de dos tênis/pernas. 

 Foram em média 9kms nesse sufoco escorregadio, depois disso até tinha lama, mas nada comparado com o início. Então deu pra aumentar um pouco a velocidade e passar alguns atletas que haviam me passado nos trechos de "lama quase no joelho".
 Corri um bom trecho de estrada de barro sozinho, os atletas da frente abriram muito de mim. Minha sorte é que fui com uma headlamp boa, pois a que davam na prova não iluminava quase nada e estava um breu total.

 Nos quilômetros finais avistei de longe uma multidão que parecia ser o pessoal que fez os 7km (que tiveram largada às 19h). Isso atrapalhou muito no final, causando um pequeno engarrafamento pro pessoal que estavam nos 21km. 
 No quilômetro final, já no estava asfalto seguindo para os metros finais da prova. A prova não teve altimetria, creio que se não tivesse chovido tanto e formado aquela lama, essa seria a etapa mais rápida do X-Terra. 

 Concluí os 21km em 1h38m13s, dos 217 homens inscritos na competição, fiquei em 28°. Fiquei muito feliz com o resultado, devido a lama no trecho inicial, achei que daria um tempo maior.
 Agora é só focar nos treinos e bolar a próxima 'aventura'.



segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Soloman @ Bombinhas, SC - 02AGO2014

 Há mais ou menos um ano atrás, eu estava no K42, em Bombinhas. Esse ano foi uma decisão de última hora, talvez tenha sido loucura (como muitos, até eu achei - pensando bem), mas que valeu muito a pena. Todos que estavam presentes nesse Soloman - nos 42, 21 ou 10km era pelo mesmo propósito: a paixão de correr meio a natureza, por trilhas e praias maravilhosas, cercado de pessoas especiais. Meu retorno às trilhas não poderia ter sido em lugar melhor!

 Na quarta-feira, meu parceiro de loucuras Rafa me chamou para participar do Soloman, que aconteceria no sábado, em Bombinhas. A princípio aceitei, mas em seguida achei meio louco o modo como iríamos pra lá - de carro, na sexta-feira depois do trabalho. Ok, quantas horas dá até Bombinhas, 10 horas mais ou menos? Bom, no mínimo chegaríamos no horário da largada dos 42km rs. Não estávamos sozinhos nessa, o time partindo daqui de São Paulo era grande: Pedro, Chedinho, Lucas e Celso (um bando de doente no bom sentido - ou não rs).
 Alugamos um carro e saímos daqui na sexta a noite e fomos um tanto quanto apertados no carro com destino à Bombinhas-SC.

 Na viagem ocorreu 'tudo bem' (tirando o fato de não termos dormido rs) e chegamos em Bombinhas faltando menos de 1 hora para a largada. Nos 42km foram: Rafa, Lucas e Chede (com certeza o mais insano da prova - revelação 2014 rs). Eu, o Pedro e o Celso optamos ir nos 21km. Estou 'voltando a correr' agora, após um tempo que fiquei parado e no próximo final de semana eu e o Pedro temos prova. De qualquer forma eu não daria conta dos 42km rs. Os guerreiros dos 42km foram colocar suas roupas enquanto o pessoal já se organizava na areia da Praia de Quatro Ilhas para acertar os últimos detalhes antes da largada, prevista para as 8h00.

Rafa, Celso, Lucas, eu, Zé, Pedro e o Chedinho

 Às 8h da manhã foi dada a largada para os 42km, então eu já fui me preparar para me deslocar para o local da largada dos 21km. A largada estava prevista para as 11:00, mas tivemos que sair por volta das 9h, assim aproveitaríamos uma carona com a Débora, que ficaria no apoio na marca dos 21km para o pessoal dos 42k que passariam por ali.
 Chegamos um pouco antes das 10h na Praia dos Zimbros e ficamos esperando o horário da largada, enquanto aos poucos iriam passando o pessoal dos 42km na metade do percurso.

Momentos antes da largada dos 42km

 Pontualmente às 11 horas da manhã foi dada a largada para os 21km. Saí num ritmo leve com o Pedro para sentirmos o clima da prova. O sol estava muito forte, então era necessário tomar certos cuidados, principalmente porque faziam uns 3 meses que eu não corria de dia. Nesse período meus treinos foram todos durante a noite.

Praia dos Zimbros - largada dos dos 21km




 Passando os primeiros 5km - que foram praticamente pela areia, eu estava indo muito bem com o Pedro. Pegamos o primeiro trecho de trilha - deu uma 'aliviada' na temperatura - algumas subidas curtas, e, passando a marca dos 10km pegamos novamente um trecho de areia. Nesse momento eu já sentia não estar tão bem quanto no início, era quase meio-dia e o sol estava castigando. Eu olhava para a esquerda pra ver se avistava alguma sombra para dar uma descasada e nada. O ritmo continuava forte e um pouco depois do quilômetro 13 senti minha imunidade baixar drasticamente, foi quando dei uma segurada, e a primeira coisa que me passou pela cabeça foi deitar na areia. Falei pro Pedro que ele podia seguir na frente mas ele não quis, preferiu ficar ali comigo esperando eu melhorar. Após eu descansar alguns minutos, me molhar um pouco e tomar um sal que um corredor que passou por nós me ofereceu, me senti um pouco melhor e seguimos caminhando até eu recuperar o meu estado 'normal' e continuar correndo rs.

Quilômetro final

 É muito bom correr ao lado de um amigo mais de uma vez. A cada corrida que passa a sintonia vai ficando maior, um vai aprendendo a entender o outro e muitas vezes o fato de estarmos numa prova nada impede de um dos dois parar para prestar auxílio ao outro. O Pedro estava 100%, mas preferiu ficar ao meu lado para eu não desistir...

 Finalizamos os 21km juntos. Fiquei muito feliz de estar naquele lugar maravilhoso que é Bombinhas pelo segundo ano consecutivo, certamente estarei em 2015, e como em 2013, fazer os 42km.

Chegada dos 21km na Praia de Quatro Ilhas - com Pedro e Lucas 

 Gostaria de parabenizar o Daniel Meyer junto com o Liana que tiveram a ideia de realizar o Soloman em Bombinhas, e claro, aos voluntários que estavam envolvidos de alguma forma. PARABÉNS! No ano que vem eu tenho certeza que vai dobrar o número de inscritos.

Fotos por: 
Débora Abreu
Pedro Lutti
Clarissa Herrig



  




terça-feira, 13 de maio de 2014

O Rei da Montanha @ Sabaúna, Mogi das Cruzes, SP - 11MAI2014

 Muitas coisas mudaram desde maio de 2013, quando participei da mesma etapa. Neste ano, o nível dos atletas estava bem elevado, levando a disputa pela coroa desde o 1° km... Apesar da altimetria ser significativamente baixa, eu adoro participar dessa prova, é uma das poucas que consigo ver um grande número de amigos também participando.

 Dia das Mães - Uma data para ser comemorada ao lado das nossas rainhas. Nós, filhos ingratos fomos correr, né? Mas sempre tive aquele ideia de que todos os 365 dias do ano são delas, assim como todo dia é dia de correr, rs. Brincadeira!

 O Rei da Montanha com certeza é a principal corrida de Mogi das Cruzes hoje em dia, com sua primeira etapa realizada no pequeno distrito de Sabaúna com distâncias de 3, 7, 14 e 21k. Cada edição realizada trás um maior número de atletas e consequentemente fica muito mais rápida e disputada.
 Neste ano, essa primeira etapa teve uma importante mudança: uma única volta nos 21km. Ano passado eram 3 voltas de 7km.

 Saí daqui de São Paulo por volta das 7h20 da manhã com o Rafa, a Cris e o Pedro e em outro carro ia o Franz e o Jeferson. Chegamos em Sabaúna um pouco antes da largada, mas ainda deu tempo de aquecer alguns minutos e conversar com o restante do pessoal que estavam a nossa espera. Coloquei o chip de cronometragem no tênis e fui me posicionar para largar.

 Enquanto não soava o disparo inicial pude ver muitos que estavam ano passado, talvez uns 90% dos que estavam lá na frente, todos bem concentrados. Eu estava bem tranquilo, me divirto muito nas provas no qual o locutor é nada mais nada menos que o Maquininha - com certeza o mais animado e carismático das corridas de montanha. Do primeiro ao último colocado ele vibra muito, isso passa uma energia muito boa pro atleta que está chegando.

 Enfim, com alguns minutos de atraso devido a um caminhão que estava na estrada foi dada a largada para os 14 e 21k. Eu larguei forte com os demais atletas que iam na frente. O ritmo estava forte, logo na minha frente seguia José Virgínio e Naval Freitas, duas feras das montanhas, então o objetivo era segui-los o máximo que eu pudesse.

Largada - Foto: Ricardo Morgado

 O terreno consistia em largas estradas de terra nas quais era possível correr sem maior preocupação de "trânsito" a frente. Algumas subidas curtas e muitas descidas (principalmente no final). A temperatura estava muito boa, diferente do sol que fez ano passado, então consegui manter um ritmo mais forte com ótimas parciais.

 Até o km 5 eu seguia forte passando os primeiros colocados dos 14k. Só restavam os atletas dos 21k a minha frente. A partir desse trecho estava correndo há uns 10 metros do Oraldo (campeão da BR135 - 2014) e um outro atleta. Nas descidas eles me passavam, nas subidas eu me saía melhor e passava eles. Se na prova tivesse mais subidas eu conseguiria abrir uma vantagem maior.
 Ao passar da marca dos 10km eu sentia que estava muito bem, estava correndo forte, confortável, subindo sem elevar tanto o ritmo

 A prova já deixava sua metade para trás e eu sabia que logo viria a parte mais chata: a descida, rs. Antes disso, nosso percurso se uniu ao dos 7 e 14k, a partir daí prova se tornou um pouco mais agitada naqueles kms finais. Muitos atletas reclamavam que a quilometragem estava errada, que não tinha água, etc. Eu sabia que os 21k dariam em média 21.900m, então estava tranquilo quanto a isso. Em relação a água, muitos se basearam nas informações passadas minutos antes da largada, reclamavam com razão. Hoje pela manhã eu vi que a organização se prontificou através de sua página do Facebook, justificando o erro.
 Falaram que haviam dois postos nos 21k, sinceramente eu só vi um único posto de hidratação no caminho, no qual eu nem parei pra pegar água, meu objetivo era correr a prova sem água e consegui com êxito, sem "danos" no final.

 A prova chegava ao seu fim, muita descida. Eu estava com gás e então acelerei um pouco, via que estava abaixo do tempo que eu havia colocado como base. O trecho de estrada de terra chegava ao fim, me levando às ruas de paralelepípedo no km final.
 Mais uma vez, recebido com o incentivo do Locutor Maquinha fechei os 21.900m com 1h31m34s ficando em 10° do geral e em 2° na minha categoria. Fiquei muito feliz com o tempo realizado. 

Chegada - Foto: Erika Della Rosa

 Gostaria de agradecer a todos os amigos que participaram, principalmente ao Daniel Caldas, que se desdobrou nos últimos dias para que tudo corresse bem e ao meu treinador Sidney Togumi, por me dar todo o suporte e atenção nos treinos.

Foto: Julia Medeiros 

 Espero poder voltar ano que vem - ou quem sabe na etapa noturna de outubro?



quarta-feira, 30 de abril de 2014

Kailash Trail Run 30K @ Passa Quatro, MG - 26ABR2014

 Corrida de Montanha: Talvez seja o motivo de eu me dedicar e querer aprender a cada dia mais, porém, foi durante o percurso da KTR que eu conheci "A montanha" de verdade... 

 Quando iniciou-se a divulgação da KTR, algo me chamou muito a atenção - falaram algo de "percurso 100% montanha, montanha russa, etc...". Até então eu não tinha ideia de como seria ou se iria realmente participar. Poucas semanas antes da prova conversei com o Pedro sobre a prova e começamos a nos animar, a única dúvida seria em qual categoria... Não demorou muito para chegarmos a uma conclusão: estávamos treinando sempre juntos com a mesma planilha de treinos, logo pensamos em encarar o percurso em dupla. Ficamos surpresos quando soubemos que na categoria dupla teríamos que correr o percurso juntos ao invés do tradicional revezamento. Bom, os treinos estavam a todo vapor, então nada nos impedia de topar o desafio (e bota desafio nisso!).

 Sexta-feira, 25 de abril, por voltas das 18h45 estávamos partindo de São Paulo com destino a Passa Quatro - MG, onde ficaríamos hospedados aguardando a prova no dia seguinte. Chegamos na pequena cidade um pouco antes da meia-noite e sem pressa organizamos o que usaríamos na prova com largada prevista para as 11h00.

 Sábado, por volta das 9h00 fomos até o estádio municipal da cidade - local onde partiriam carros, levando os atletas para o Refúgio Serra Fina (largada). Chegamos no Refúgio com tempo de sobra para acertarmos alguns detalhes importantes e conversar com os amigos e conhecidos que também participariam da prova. Grandes nomes do trail running nacional estavam presentes nessa competição: José Virgínio, Chico Santos, Ivan Pires, entre outros.
 Era impossível controlar a ansiedade minutos antes da largada. Todos ali não viam a hora de soar o disparo inicial...

 Por volta das 11h20 finalmente foi dada a largada. A partir dali, eu e meu parceiro éramos um só, a meta era concluir a prova. Após corrermos cerca de 1km num ritmo forte, entramos em single track, a partir dali o ritmo caiu absurdamente, fazendo com que todos caminhassem na subida - a prova estava começando a revelar suas dificuldades.
 No 3,5km, numa descida com lama, ao tentar avançar, caí num buraco. Em seguida não sentia meu braço direito, segui com calma até constatar que foi apenas um "susto" e que estava tudo certo.

Foto: Wladimir Togumi

 Devido a um trecho mal sinalizado, um pouco antes dos 5km, vários atletas (inclusive eu) seguiram na direção errada, passaram-se poucos metros até eu me deparar com um atleta voltando e indicando a direção correta para os demais.
 Meu relógio marcava 5km, estávamos numa subida infernal com destino ao cume do Capim Amarelo, ali não era possível subir correndo, tampouco andando, iniciava-se uma dura prova de paciência. Durante a longa subida fui recebendo ajuda dos demais atletas, quando os braços e pernas ardiam de tanta força que eu tinha que fazer para escalar.

 Finalmente no topo do Capim Amarelo!
 Não pude deixar de perder alguns segundos admirando a bela vista.
 O momento mais preocupante da prova foi quando o Pedro bateu pela segunda vez o joelho numa pedra que estava por trás do capim. Eu via que ele não estava aguentando de dor - foi quando eu perguntei se ele queria parar por ali - ele pediu para esperar um pouco... Nisso, vários atletas passaram por nós perguntando se queríamos que eles chamassem algum staff para ajudar. Poucos minutos depois ele estava de pé, pronto para continuar. Depois dessa atitude dele, eu vi que nada podia nos parar, nós iríamos concluir esse desafio juntos.
 Continuamos para iniciarmos a descida - pensávamos que desceríamos correndo, engano o nosso. A descida era tão técnica quanto a subida. Seguimos a longa descida por dentro do capim, era quase impossível ver a trilha, nos perdemos pelo menos umas duas vezes.

Foto: Wladimir Togumi

 Após alguns tombos e vários cortes nas mãos, a longa descida chegava ao fim, nos mostrando um trecho de estrada que levava até o local da largada, onde estavam algumas pessoas dando incentivo a cada atleta que parava para abastecer a mochila com água. Sem perder muito tempo continuamos para o segundo trecho, agora o desafio era chegar ao cume do Tijuco Preto.

 Nosso ritmo continuava fraco, seguimos numa longa subida, tendo os galhos das árvores como apoio. Nesse trecho a vegetação era completamente diferente do primeiro trecho.
 A temperatura começava a cair, o barro, até mesmo os galhos estavam congelando nossas mãos, o grau de dificuldade era grande, em alguns trechos haviam cordas para auxiliar na subida dos atletas.

 Ao alcançarmos o cume do Tijuco Preto fomos tomados pela neblina, uma pena, com certeza o visual teria sido espetacular como na primeira etapa. Começamos a ficar preocupados com o horário, então não perdemos tempos lá em cima e iniciamos a descida, desta vez, um pouco mais rápida que a primeira, porém, extremamente técnica fazendo com que caíssemos algumas (várias) vezes...
 Durante a descida estávamos ouvindo a voz da locutora da prova - era um sinal que a prova estava chegando ao fim, nesse momento a ansiedade tomou conta e nós - aceleramos nos 2kms finais.

 Chegamos minutos antes de escurecer, com o tempo de 6h24m34s. Foi um alivio, o objetivo foi concluído: completamos a primeira edição da corrida de montanha mais dura do Brasil. Ficamos em 4° na categoria dupla masculina. 
 Todos que participaram da prova estão de parabéns, pois, enfrentar tamanha dificuldade, numa prova que até quem tinha um nível alto (profissionais) reclamou, não é pra qualquer um.

 Gostaria deixar meus agradecimentos ao meu amigo Pedro, que topou o desafio e me acompanhou durante essa loucura, toda equipe da UPFIT, por terem participado em peso da competição e especialmente ao meu treinador Sidney Togumi por todos os treinos nas últimas semanas e por ter tornado tanto a minha, quanto a participação do meu parceiro possível nesta prova.


Foto: Wladimir Togumi

   

segunda-feira, 24 de março de 2014

Endurance 50K @ Paranapiacaba, Sto. André, SP - 22MAR2014

 Aconteceram várias coisas durante o percurso. Fiquei com raiva, fiquei feliz. Teve tudo o que uma prova de Endurance pode nos proporcionar...

 Sábado (22), às 4h da manhã eu estava levantando da cama para mais uma prova, desta vez, o Endurance 50K de Corridas de Montanha 2014. Acertei alguns detalhes e fui encontrar os meus amigos Pedro e Roberto para pegarmos a estrada com destino a Paranapiacaba, distrito do município de Santo André-SP. O dia estava nublado com previsão de chuva, então, já estávamos preparados para enfrentarmos muita lama no percurso.
 Chegamos na pequena cidade por volta das 7h da manhã e fomos retirar nossos kits. A largada da prova estava prevista para as 8h. Eu e o Roberto fomos nos 50K, o Pedro foi nos 12K, no qual a largada seria às 14h. Inclusive, fiquei impressionado com a velocidade da prova, nas condições climáticas que estavam naquele momento: temporal e muita nublina.

 Ás 8h da manhã foi dada a largada nos 50K. Saí num ritmo forte com os demais corredores que iam na frente, logo eu estava isolado com os quatro que lideravam a prova. Até o km 2 eu estava em terceiro lugar, porém, estava num ritmo muito mais elevado do que o meu normal, se continuasse assim, com certeza não chegaria na metade da prova. Resolvi moderar o ritmo, nisso pulei para o quarto lugar. A prova estava no começo, não adiantava me afobar, com o passar dos quilômetros, cada um seria colocado no seu lugar...
 Após o km 3, pegamos um trecho de trilha bem técnica, com várias erosões e lama, muita lama (provavelmente havia chovido na madrugada), cheguei a "perder" o tênis após tirar o pé atolado na lama. A atenção tinha que ser dobrada nesse trecho, qualquer descuido... É, caí umas duas vezes nesse trecho (rs).



 Corri com a minha camel bag. Ainda bem que fui com ela, senão, certamente passaria muito mais sede do que passei durante o percurso. Não sei por qual motivo que a organização não colocou postos de hidratação antes dos 20 primeiros kms. Mesmo com mochila e garrafas muitas vezes não são suficientes em provas como essa, no qual o desgaste físico é maior. O primeiro posto de hidratação estava no km 39, ou seja, o corredor que foi sem nada ou com uma garrafa na mão, certamente teve que parar para pedir água em alguma casa ou bar que havia no percurso (foi o caso de algumas pessoas que participaram da prova). Falaram que teriam quatro postos de hidratação no percurso. Sim, realmente haviam três ou quatro, se não me engano. Mas colocar "um atrás do outro" depois de 80% de prova concluída? Realmente até agora não entendi...



 Por volta do km 24 eu estava correndo sozinho no quinto lugar já fazia algum tempo, até que vi há uns 100 metros o quarto colocado. Percebi que ele estava cansado, correndo devagar. Deve ter sido pelo fato de ter saído forte demais no início, chegou a liderar nos primeiros kms, até onde acompanhei. A prova já estava colocando cada um no seu lugar. Continuei no meu ritmo, que estava bem confortável. Era um trecho de estrada de terra com pouquíssimas subidas, consegui aumentar um pouco o ritmo, ficando isolado novamente no quarto lugar.

 Passando do km 30 estava sem água e comecei a sentir falta dos postos de hidratação, cheguei a pensar se havia passado por algum sem ter notado. Segundo a organização, no km 38 teria um Special Needs, certamente teria água por lá, continuei correndo pensando em chegar logo no km 38. Por volta do km 34 um senhor passou por mim, fiquei impressionado, pois no início da corrida eu estava com uma vantagem enorme sobre ele. Perguntei se ele sabia algo sobre os postos, ele me disse que isso era normal acontecer nessas provas e o melhor que fazemos é treinar para que isso não nos perturbe durante o percurso. Por partes concordei com ele, mas se a organização informa que terá postos espalhados no percurso, nada nos impede de acreditar, não é? Vi que ele entrou num bar na beira da estrada, fiz o mesmo. Ele bebeu uns três copos de água barrenta que saía pela torneira, a sede era tanta que eu fiz o mesmo, mas só consegui beber um copo, o gosto não estava nada bom (rs).

 Eu estava com muita sede, mas sabia que após uns 20 minutos no máximo chegaria ao km 38 e lá poderia abastecer minha mochila.
 Cheguei no km 38 e nada de posto. Um carro da organização passou por mim e não pensei duas vezes antes de reclamar... Logo o cara disse que o posto estava no 39... Ok, mais uns 5 ou 6 minutos.
 Poucos metros antes do km 39, vinha um carro branco em minha direção, uma mulher saiu do carro chamando meu nome. Era a Vanessa (UpFit) com uma amiga, perguntou se eu precisava de algo. Me salvaram naquele momento, me deram água, isotônico e uma goiabinha para eu ir comendo no caminho, assim, passei finalmente pelo posto de hidratação mas não precisei parar abastecer e entrei novamente no trecho de trilha.

 Por um momento, durante a prova, eu havia esquecido que pegaria a trilha fechada novamente, só estava pensando nas partes de lama que ia ter que enfrentar e eu não estava com as forças do início, que fazia eu pular facilmente esses obstáculos. Diminuí o ritmo e dobrei a atenção, nas partes das erosões tomava cuidado ao soltar de um lado para o outro, estava escorregando muito. Por volta do km 45 ouço passos atrás de mim, eram mais rápidos que os meus no momento, não forcei o ritmo, já havia caído umas duas vezes e não queria que isso se repetisse. Logo apareceu do meu lado o Carlos - corredor muito experiente que tive a prazer de ficar trocando ideia por muito tempo depois da corrida. Ele me deu um pouco da sua água e seguimos pela trilha, estávamos poucos kms antes da linha de chegada.

 Concluí os 52k em 5h17min18seg, ficando em 6° colocado no geral e em 1° na minha categoria. Infelizmente não ouve cerimônia de premiação, a organização informou que por causa da chuva não era possível... (?)



 No final das contas deixei as coisas negativas de lado e levei em consideração o lado positivo dessa corrida, que foram as novas amizades, as novas experiências e os velhos amigos que sempre estão juntos comigo nessas loucuras, dividindo essa paixão que é correr na montanha.









terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Metropolitano de Carreras em Montanha @ Pico do Urubu, Mogi das Cruzes, SP - 02FEV2014

 Eu não conhecia o Pico do Urubu até o último domingo, uma pena ter que conhecer logo num dia de prova e não poder aproveitar 100% o visual lá de cima, mas com certeza voltarei lá em outras oportunidades por ser um dos lugares mais fantásticos de São Paulo, para quem ama correr nas montanhas.

 Domingo, antes mesmo do sol nascer, eu estava acertando os últimos detalhes para encontrar meu amigo Pedro Lutti (UpFit / Força Vegana) e partimos junto ao Sidney Togumi e a Vera Saporito (UpFit) para o Pico do Urubu, Mogi das Cruzes, onde aconteceria a primeira etapa do circuito metropolitano de corridas de montanha de 2014. Todos nós participamos dos 21k.
 Chegamos em Mogi um pouco antes da largada. Fomos retirar nossos kit e esperar o horário da largada prevista para 8h30 da manhã.

Minutos antes da largada
 
 Alguns minutos depois do horário previsto foi dada a largada, saí um pouco na frente com o Pedro, mantendo um ritmo forte, porém consciente que logo viriam as primeiras subidas insanas. Eu estava muito preocupado com o sol que estava muito forte já naquele horário, por isso, larguei com um copo d'água na mão.

  Nos primeiros 5k estava muito bem, me mantendo entre os seis primeiros corredores, mas senti que estava forçando muito, e que se continuasse naquele ritmo, logo iria quebrar. Então continuei num ritmo moderado, mantendo-me entre os dez primeiros.
 
 O sol estava muito forte, cada subida era um novo desafio naquela prova, nos trechos de trilhas fechadas eram mais tranquilos, apesar do alto grau de dificuldade. Alguns trechos eram necessário o auxílio de cordas (colocadas pela organização) para subir os barrancos. Eu nunca havia participado de uma prova que tivesse isso e quando comentaram um pouco antes da largada que teria, eu não acreditei, rs.

 Chegando no alto do Pico do Urubu, fui deparado com um visual incrível, se eu pudesse, ficaria ali por horas admirando a vista. Dali pra frente só faltaria metade da prova e eu acreditava que as piores partes já haviam passado. Nem tanto, pois a partir dali vieram trechos mais técnicos, descidas no qual era difícil controlar o corpo, qualquer descuido poderia facilmente torcer o pé ou cair. Eu escolhi a segunda opção, rs. Eu estava muito cansado e cada vez mais haviam subidas, saía de um posto de hidratação e não via a hora que chegasse no próximo. Infelizmente a água não estava gelada, nem mesmo fresca. Com o calor que estava naquele dia a organização poderia ter visto isso. 

 Nos 5kms finais perdi algumas posições, devido o cansaço, pulando de 10° para 15° do geral, mesmo dando uma forçada no ritmo, permaneci nesta posição até o final da prova. 
 Concluí os 21k em 2h11min00seg, um tempo alto para uma prova de 21k, porém, muito bom para para essa edição, devido ao seu alto grau de dificuldade. Fiquei em 1° lugar na minha categotia (18-29 anos).



 Foi uma experiência muito boa participar dessa primeira etapa do circuito metropolitano de corridas de montanha, espero poder participar das outras edições.
     

    

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Brazil 135 Ultramarathon (217km) @ São João da Boa Vista, SP - 17/18JAN2014

 Em poucas palavras eu diria que a BR135 foi a melhor experiência de vida que já tive desde que comecei a correr. Já se passaram alguns dias após a prova e, mesmo assim, não consegui "digerir" tudo o que aconteceu nesses dois dias. Vou tentar contar o que se passou por lá, apesar de que a melhor forma de entender é estando lá.

 Quinta-feira (16) eu e meu amigo/irmão Rafa Alves estávamos partindo daqui de São Paulo com destino a São João da Boa Vista (SP). Ele em sua segunda BR e eu indo para a minha primeira como pacer do Daniel Meyer.
 Logo que chegamos para retirada dos kits, notamos uma movimentação que não parecia o normal daquela pequena cidade. Por toda parte haviam corredores não vendo a hora que chegasse o dia seguinte, assim como nós. 
 A noite o Rafa se juntou a sua equipe e foram para o hotel, enquanto eu procurava o alojamento do exército, no qual passaria a noite, a convite do meu amigo Éber que também participou da prova em quarteto. Chegando no alojamento fui super bem recebido por todos, tomei um banho, comi e fui dormir (ou pelo menos tentar) pois o dia seguinte seria longo.

 Às 7h da manhã da sexta-feira eu já estava com tudo pronto, era só checar os últimos detalhes e partir para a praça principal da cidade, local da largada. Chegando lá encontrei com alguns amigos do Força Vegana, que também participariam da prova. Pouco antes do horário da largada encontrei com o Daniel Meyer e nossa equipe de apoio (Jhonatan, Liana, Ketilin e o pequeno Juan) e aguardamos ansiosos a sirene soar.

Minutos antes da largada, com Tomiko, Daniel e Jhonatan

 Às 8h em ponto foi dada a largada, como nas demais ultramaratonas, todos os atletas saem num ritmo bem tranquilo, sem pressa. Iniciei ao lado do Daniel e fomos conversando nos primeiros 6kms de asfalto, ali a prova nem havia começado... Passado os 6kms de asfalto, pegamos um  trecho de trilha com algumas subidas, em alguns trechos tivemos que passar por baixo de arames farpados.

 Meu GPS marcava 19kms percorridos, chegamos na primeira cidade, Águas da Prata-SP. Vários carros de apoio esperavam seus atletas. Reabastecemos nossa água e continuamos. Estávamos num ritmo forte, o Daniel decidiu segurar um pouco, ainda restavam apenas 198kms, rs.
 Chegando no Pico do Gavião, decidi trocar o tênis que estava machucando meu pé e aproveitar pra descansar um pouco, mesmo querendo muito subir o Pico, preferi esperar o Daniel embaixo, poupando um pouco de energia. Quando o Daniel descia do Pico eu já estava pronto para continuar com ele. A nossa próxima parada seria em Andradas-MG.

 No caminho para Andrades tivemos o prazer de correr ao lado sr. Áureo, ultramaratonista que correu todas as edições da BR135, a partir dali, tive uma aula de ultramaratona. Alguns km a frente o Daniel não estava se sentindo muito bem, o sol estava extremamente forte, quando o sr. Áureo disse que havia uma cachoeira ali perto. Depois de uma bela refrescada continuamos, eu já notava que o Daniel estava bem melhor após o banho de cachoeira.

Tendo o privilégio de correr ao lado do sr. Áureo

 Chegando em Andradas fizemos uma rápida parada para comermos um pouco de macarrão e reabastecer nossas camel bags com água. A próxima parada seria em Serra dos Lima (município de Andradas-MG).
 Foram aproximadamente 14kms até chegarmos em Serra dos Lima. Paramos na casa da Dona Natalina, onde comemos e tomamos um pouco de café.
 Já se passavam das 18hrs, então era obrigatório correr com colete refletivo, colocamos nossos coletes e partimos para a próxima cidade, Barra (município de Ouro Fino-MG).

 Fizemos o cálculo "errado", calculamos que de Serra dos Lima até Barra seriam em torno de 7kms, a distância não estava errada, porém não era uma parada como as demais, então tivemos mais 12kms pela frente, na escuridão, passando por Crisólia (município de Ouro Fino-MG) sem água praticamente e sem sabermos qual distância realmente faltava até Ouro Fino-MG.



 Chegando em Ouro Fino, com 99kms se não me engano, quando encontramos um amigo no Daniel que estava muito mal, ele preferiu desistir por ali (apesar de já ter completado a prova numa outra edição), tentamos convencer ele de continuar mas ele nos disse que é melhor continuar numa prova com saúde do que sem. Ele nos entregou sua pulseira GPS para que a gente entregasse no próximo posto e nos despedimos. Eu estava muito cansado, com um pouco de sono, resolvi dar uma descansada no carro e continuar no trecho seguinte.

 Esperei no carro junto com a nossa equipe de apoio o Daniel chegar em Inconfidentes-MG, onde ele fez uma parada para descansar. Novamente acertamos os últimos detalhes e partimos. Nossa próxima parada seria em Borda da Mata-MG. Ainda era madrugada nesse trecho, a única coisa que iluminava nosso caminho eram nossas head lamps, nada mais. O segredo era apenas ter atenção para não topar em nenhuma pedra (mesmo assim, topamos em várias).

 Apesar de toda dor que eu estava sentindo naquele momento, eu tentava me concentrar ao máximo, eu sabia que não estava diferente com o Daniel, mas não queria demonstrar em nenhum momento, de vez em quando a gente conversava um pouco para distrair.
 Quando menos percebi, o sol de sábado estava nascendo no horizonte, por trás daquelas montanhas... Durante a madrugada eu tinha a sensação de estar dormindo, quando amanheceu, a sensação era de que eu estava acordando sendo privilegiado com uma vista maravilhosa. Naquele momento, como um milagre, começamos a correr mais forte, após avistarmos uma cidade de longe.

 Chegamos em Tocos do Moji-MG correndo bem alegres, apesar das dores. Nosso remédio para dores eram os incentivos dos nossos anjos, toda vez que chegávamos na cidade, eles estavam lá, transmitindo suas energias para nós. Me sentia renovado quando via o pequeno Juan sorrindo na janela do carro.
 Tocos do Moji foi o trecho mais duro até então, muita subida, minha coxa ardia. Cada morro que a gente subia, a gente olhava pra trás e eu dizia, "cara, como a gente subiu isso!?". Mas segundo o Daniel, o pior trecho não havia chegado ainda.

 Em Estiva-MG eu não tinha pernas para seguir naquele trecho (que era bem pior do que Tocos do Moji), deixei com o Daniel. Ali podíamos dizer que faltava "pouco" pro término da prova. Fiquei esperando ele em Consolação-MG, onde fomos super bem recebidos por duas moradoras da pequena cidade de 1.700 habitantes. Nos ofereceram café, pão e banho e nos contaram rapidamente a história da cidade e de suas casas históricas.

 Ufa! Agora restavam apenas 21kms até o final da prova. Mas não é porque restavam 21kms que iríamos completar em menos de 2h, né? O trecho não era duro como os anteriores, porém não dava mais para esconder o cansaço, estava estampado em nossos rostos. Nosso carro de apoio foi nos acompanhando durante todo o trecho, sempre o Jhonatan parava o carro, corria um pouco com a gente, assim como a Liana e Ketilin.
 Posso dizer com toda a certeza que esses 21kms foram os mais longos da minha vida, o cansaço só não era maior do que a vontade de chegar, corremos boa parte como no inicio da prova, caminhando nas poucas subidas que tinha pela frente.



 Restando um pouco menos de 4kms, já podíamos avistar Paraisópolis-MG de longe, eu me sentia metros da linha de chegada, ao mesmo tempo muito distante, não parecia chegar nunca...
 Quando chegamos no asfalto sim, era a certeza que a missão estava sendo comprida, todo o sofrimento que o Daniel passou nesses 217kms e eu que corri em média 170kms estavam valendo a pena, nada podia explicar o que senti naquele momento. Nessas horas percebemos que não conhecemos nosso corpo, não sabemos do que ele é capaz.
 Cruzamos a linha de chegada todos juntos, abaixo de 36 horas, a emoção nos dominou, nada mais importava naquele momento.

 Eu serei eternamente grato ao Daniel Meyer por proporcionar isso pra mim, poder correr a ultramaratona mais difícil do Brasil ao seu lado. Nessa prova eu fiz uma nova família na qual poderei sempre contar. Liana e Ketilin, como nas últimas provas que participei, excepcionais no apoio. Dessa vez o Jhonatan foi como motorista, infelizmente não correu como queria, mas tenho certeza que ele estava passando suas energias para nós durante todo o percurso. Não posso esquecer do pequeno Juan, garotinho com um pouco mais de um ano e que já participou de centenas de aventuras ao lado dos seus pais malucos (no bom sentido, rs).

 Cada dia que passa eu amo ainda mais ultramaratona, e correr com amigos, podendo dividir isso é melhor ainda!
  Ano que vem estarei lá novamente, BR135!